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Dica Reserva Imovison : 'Gerontofilia' | 2013

O cinema como instrumento para o rompimento de padrões 

Por Rogério Machado 


De certo o cinema e as artes em geral  são canais de longo alcance e eficazes pra desmistificar tabus e preconceitos. Quantos padrões não são rompidos todos os dias pelos debates propostos pela arte, trazendo melhor compreensão sobre temas que outrora podiam soar estranhos a um olhar ou outro. Na esteira desse assunto, o cineasta Bruce Labruce se coloca como destaque por  trazer consigo um forte apelo visual e transgressor,  de tocar o intocável  com temas intragáveis para muitos e imagens feitas para chocar, em temáticas sempre rodeadas por muito fetiche e sexo.

'Gerontofilia', de 2013, que acaba de chegar ao catálogo do Reserva Imovision, é o filme mais comportado do realizador, mas nem por isso menos polêmico. Em tempos onde se fala de etarismo, justamente por ser um assunto também envolto em preconceito, é interessante notar como Labruce nos posiciona na trama, e ao mesmo tempo em que nos coloca como inquisidores também propõe um olhar compreensivo e benevolente.

A trama  traz a história de Lake (Pier-Gabriel Lajoie), um garoto com 18 anos que descobre que gosta de homens idosos. Quando sua mãe começa a trabalhar em uma casa de repouso, Lake vê a oportunidade perfeita para descobrir até onde vai a sua obsessão. Com o passar dos dias Lake começa a  se relacionar com Mr. Peabody (Walter Borden), que foi deixado ali por um filho que jamais voltou pra revê-lo.

A gerontofilia (grego:Geron, que significa velho; e philie, amor) é caracterizada pela inclinação sexual de pessoas jovens por pessoas de idade avançada, e embora seja considerada por alguns um tipo de perversão , há estudiosos que afirmam que  as mudanças biológicas associadas à sexualidade na velhice não impossibilitam relações saudáveis com adultos jovens. 'É inconcebível tratar como perversão as relações românticas e sexuais entre pessoas conscientes de suas escolhas apenas com base na distância entre os anos que nasceram', afirma Mara Lúcia Madureira, psicóloga cognitivo-comportamental.

O longa de Labruce rompe com seus próprios padrões transgressores e traz um romance doce e além dos interesses sexuais entre dois homens de idades tão diferentes. É claro que aqui o incômodo pode acontecer por conta de se tratar de duas pessoas do mesmo sexo; portanto, ainda que numa voltagem mais baixa, Labruce não deixa de tocar na ferida de uma sociedade que vê a velhice e o amor entre iguais como doença. 






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