Adsense Cabeçalho

'Wonka' : divertido e visualmente deslumbrante, filme propõe reimaginação a um clássico atemporal | 2023

NOTA 8.0

Ele não gosta quando as pessoas dizem pobre 

Por Vinícius Martins @cinemarcante 


O personagem Willy Wonka, criado pela mente inventiva de Roald Dahl, já ganhou duas versões muito cultuadas no cinema com as interpretações brilhantes de Gene Wilder e Johnny Depp. Agora chegou a vez de Timothée Chalamet encarnar o visionário criador da Fantástica Fábrica de Chocolates em um novo filme, dessa vez sob a direção de Paul King e a produção de David Heyman, em uma obra que visa apresentar as origens do chocolateiro mais famoso da cultura popular. O longa chegou dominando o circuito comercial no final de 2023 como uma surpresa cativante e cheia de personalidade, e, mesmo não conseguindo se esquivar das comparações com as versões anteriores, entrega um resultado com uma identidade bem própria e peculiar.

Estamos diante de um dos filmes mais charmosos do ano - e não digo isso com o costumeiro apelo sensual que vem atribuído ao termo “charme”, mas sim tendo em vista a delicadeza dos detalhes e a elegância que enche a tela em diversos frames durante a exibição. Destaco o ótimo trabalho do diretor de fotografia Chung-Hoon Chung, com quadros que fazem uso de simetrias pontualmente colocadas, valorizando ainda mais o caprichado design de produção de Nathan Crowley e o belíssimo feito da figurinista vencedora do Oscar, Lindy Hemming. Uma equipe e tanto, escolhida pelo diretor dos dois ‘As Aventuras de Paddington’ (2014/2017) e do produtor da franquia ‘Harry Potter’. Com isso temos o retorno do bom e velho humor britânico, é claro, principalmente com os nomes brilhantes que compõem o elenco adicional - tais como Rowan Atkinson (o eterno Mr. Bean) e a sempre excelente Olivia Colman, além do grande (ou pequeno, nesse caso) Hugh Grant, que rouba a cena com seu Oompa-Loompa.

Chalamet compõe seu protagonista sem a malícia de Wilder e sem os modismos extravagantes de Depp; indo na contramão do óbvio, ele prefere criar um estilo próprio ao invés de emular figuras já consolidadas no imaginário coletivo. Com um intérprete que entende o viés da trama, o roteiro abre espaço para debater o corporativismo e a deslealdade mercantil, com uma mensagem batida - porém sempre válida - sobre persistência e criatividade; mas vai além e abre espaço também para debates de política social e as classes de poder. É um acréscimo bem aproveitado à mitologia já vista nos filmes anteriores, principalmente por reimaginar um personagem tão caricato e tão instigante quanto Willy Wonka. É um filme familiar com alguns toques de novidade e refinamento, que diverte e agrega boas virtudes e ensinos aos pequenos e aos grandes também.







Nenhum comentário